Vida e realizações de Geraldo Perlingeiro Abreu
Uma figura pública digna de ser homenageada e lembrada. Seu nome batiza uma escola pública, um Fórum, uma fundação de educação e cultura... A memória de Geraldo P. Abreu na região do Vale do Aço evoca sua relevante atuação regional, mas seu legado amplia-se para todo o Brasil, dada abrangência de suas ideias.
Margarete de Souza Abreu - Setembro 2022
Natural de Santo Antônio de Pádua, RJ, foi criado na cidade de São Fidelis, RJ, região norte fluminense do estado, estudou Direito na Universidade de Niterói, à época Capital do Estado do Rio de Janeiro.
Iniciou sua vida profissional como advogado, na Acesita (Cia Aços Especiais Itabira), em 1948, no escritório da empresa no Rio de Janeiro.
Em definitivo, mudou-se para o Vale do Aço em 1951, para implantar o setor jurídico da companhia (hoje APERAM).
Além de seus serviços como advogado, integrou-se plenamente à vida social da região: já em 1952 participou da fundação do Elite Clube, presidiu o Acesita Esporte Clube (1953), foi sócio fundador do Clube Casa de Campo (1964) em Coronel Fabriciano, cota nº 17, com importante participação junto com outros sócios também fundadores, na elaboração do Acordo com a Companhia Siderúrgica Belgo Mineira para a aquisição da Casa de Hóspedes da Belgo: nesta se construiu a sede desse clube. Também foi sócio fundador da Clube Campestre Acesita (1966), cota nº 37.
Ações sociais e voluntariado
Em Timóteo, participou da criação da FAST (Fundação de Ação Social), colaborando ativamente na elaboração do Estatuto dessa entidade e, posteriormente, ocupando ali um cargo de Conselheiro. Destaca-se como sua especial contribuição a criação artística do símbolo que marca da identidade visual da FAST.
Ainda na empresa de aço Acesita, foi responsável pela implantação da Escola de Comércio Ferreira da Costa, esta formadora de contabilistas na região.
Na década de 1980, propôs ao Banco do Brasil, então acionista majoritário da Acesita, uma modelagem de venda das casas aos empregados da Companhia, algo inovador por permitir aos funcionários adquirir, em condições vantajosas, as residências em que moravam e a conquista da casa própria.
Geraldo Perlingeiro também se destacou como homem inclinado a estimular o crescimento e o desenvolvimento de cidadãos por meio da educação. Como voluntário, lecionou em escolas da região em troca de bolsas de estudo para alunos de famílias de baixo poder aquisitivo, porém de destaque nos estudos.
Ajudou a implantar a Guarda – Mirim em Timóteo; foi também participante da criação da Defesa Civil na cidade.
“É hoje muito próprio do homem da cidade supor-se um autossuficiente. Alguns há, - até bem sucedidos ricamente – que ao se lhes pedir colaboração e ajuda, respondem aparentemente tranquilos: ‘sou independente e não preciso de ninguém mais; e o que eu tenho foi conseguido sozinho, com esforço próprio e muito sacrifício...’ , o que chega a soar blasfêmia.”
(Geraldo P. Abreu - Setembro 1978)
Projetos nacionais
Apresentou projeto ao Governo Federal para criação de um sistema de financiamento estudantil para estudantes carentes- relativo ao Ensino Superior-, projeto este que veio se tornar o embrião do Programa de Crédito Educativo, o FIES. Esse projeto de crédito educativo foi sugerido anteriormente à Vale do Rio Doce (CVRD), cujo diretor administrativo era o Dr. Emílio Jacques de Moraes (1969).
Outra sugestão de Geraldo Perlingeiro, no programa de desburocratização do ministro Hélio Beltrão (1979), foi a criação de um documento único contendo todos os dados pessoais dos brasileiros: a cédula de identidade única, cuja implantação em território nacional começou a se efetivar no segundo semestre de 2022.
Apoiou a organização de debates sobre a Assembleia Nacional Constituinte na região, em 1985. Faleceu em 1986.
Cenário educacional em Fabriciano
O ensino superior na região contou com a presença de Geraldo Perlingeiro Abreu que exerceu atividade jurídica na CAF, na PUC- MG, campus de Coronel Fabriciano – antiga Universidade do Trabalho. Ali também foi professor de Direito e membro da diretoria da Sociedade Mineira da Cultura, mantenedora da PUC-MG à época.
Dinâmico, criativo, visionário, identificado com as causas sociais, foi o braço direito do Pe. José Maria de Man nas negociações com Dom Serafim Fernandes na emancipação da Universidade do Trabalho (UT) – Sociedade União e Técnica- pela Universidade Católica de Minas Gerais, no que se tornou o campus da Universidade Católica de Minas Gerais (UCMG) no Vale do Aço, hoje Centro Universitário do Leste de Minas (Unileste/MG).
Reconhecimentos
Homem de grandes ideias e de muitos fazeres. Foi entrevistado pela extinta TV TUPI, da Rede dos Diários Associados, num dos programas de grande audiência: o programa Show sem Limites, no Rio de Janeiro. Nesse programa, sugeriu a criação de incentivos a pequenos inventores do Brasil, a fim de que mentes criativas pudessem ter suas invenções realizadas.
Post mortem, recebeu uma grande e rara homenagem concedida a um advogado: ser o patrono do Fórum da Comarca de Timóteo- o Fórum Dr. Geraldo Perlingeiro de Abreu. Também é nome de instituição educacional em coronel Fabriciano: Escola Estadual Geraldo Perlingeiro de Abreu, no Bairro Floresta.
Viveu para a cidade- cujo nome era também o da empresa ACESITA- hoje Timóteo, sempre voltado para as causas da comunidade e as relativas à educação.
Marcas da vida de Geraldo Perlingeiro Abreu (*dezembro/1920 +março/1986)
Casou-se com a professora
Haydée de Souza Abreu.
Seus filhos: Margarete de Souza Abreu, Humberto de Souza Abreu e Rosane de Souza Abreu.
Foi professor no Colégio Macedo Soares,
que existiu
em Timóteo (MG)
Professor e diretor, além de consultor jurídico, na antiga PUC-MG campus de Coronel Fabriciano (hoje é o Unileste/MG).
Além de advogado, professor, conferencista, foi jornalista, com artigos assinados sob o pseudônimo de Erasmo de Campanário.
Parceiro de trabalho do Padre De Man, nos anos 1970, nos projetos de educação e cultura no Vale do Aço, principalmente em Timóteo e Coronel Fabriciano.
Viveu com simplicidade e dignidade, dedicando-se à promoção do bem social e ao combate a todo tipo de ambição.
Em 1986, ano de sua morte, chegou a participar do processo pós-constituinte, explicando, em palestras, o sentido da nova Constituição.
HOMEM DE VISÃO POLÍTICA E INSERÇÃO SOCIAL
Apresentou ao governo Federal, por meio de projetos, a criação de um sistema de financiamento estudantil.
Com suas ideias precursoras, vislumbrou e chegou a propor ao governo Federal o documento único de identificação individual, que só vem sendo implantado nesta segunda década no século XXI.